Iniciativa destaca contribuições afro-brasileiras e reforça orgulho e pertencimento em estudantes do ensino médio
-Da Redação-
20 de novembro de 2024 – A estudante Júlia Brandão, de 17 anos, encontrou nas rodas de conversa do projeto Afrocientistas um espaço para valorizar sua negritude. O projeto, idealizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), é coordenado no Distrito Federal pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Secretaria de Educação (SEEDF).
“Foi no projeto que me enxerguei como uma mulher preta. Falar sobre nossos traços físicos, como o cabelo e a cor, trouxe alegria e orgulho para mim”, conta Júlia.
Com uma abordagem interdisciplinar, o Afrocientistas inspira estudantes afro-brasileiros por meio de metodologias inovadoras e produções culturais como podcasts, vídeos e livros. No Centro Educacional (CED) 01 do Riacho Fundo II, a iniciativa engaja 11 alunos que destacam a importância da contribuição afro-brasileira para a cultura nacional.
William Rosa, de 18 anos, vê no projeto uma forma de acolhimento: “Como jovem periférico, me sinto representado e valorizado não apenas como aluno, mas como pessoa negra”.
Educação antirracista na rede pública
No DF, 45% dos estudantes da rede pública se autodeclaram pretos ou pardos, segundo dados do EducaCenso. A partir dessa realidade, o Governo do Distrito Federal, por meio da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral, promove ações voltadas à educação para relações étnico-raciais.
Patrícia Melo, diretora de Direitos Humanos e Diversidade, destaca o trabalho da secretaria: “Elaboramos cadernos pedagógicos, realizamos formações e promovemos fóruns. Nosso objetivo é formar cidadãos antirracistas e transformar a rede pública nesse sentido”.
No CED 01, onde 63% dos estudantes se identificam como negros, o Afrocientistas é um exemplo de prática transformadora. “O projeto tem um impacto direto na valorização da identidade desses jovens, mostrando que eles não estão invisíveis”, afirma o diretor Júlio César Moronari.
Arte como ferramenta de reflexão
A arte também é protagonista no diálogo antirracista. Marcos Vinícios Gomes, 18 anos, coordena uma oficina de dança na escola e ressalta sua força como instrumento de conscientização. “Com dança e música, conseguimos atrair a atenção das pessoas e transmitir conhecimento de forma acessível e envolvente”, diz.
Matheus Miranda, de 18 anos, reforça a importância do apoio coletivo. “Compartilhar experiências nas rodas de conversa foi reconfortante. Percebi que a luta contra o racismo é algo que enfrentamos juntos e que não estamos sozinhos”, relata.
O Afrocientistas segue como exemplo de iniciativa que promove o orgulho da negritude, valoriza as contribuições afro-brasileiras e inspira jovens a serem agentes transformadores na sociedade.