Com uma trajetória marcada pelo compromisso com a transparência, a proteção à infância e a valorização da cidadania, a deputada distrital Paula Belmonte vem fortalecendo sua atuação na política do Distrito Federal com resultados concretos e visão estratégica.
Após uma passagem marcante pela Câmara dos Deputados, onde foi reconhecida como a melhor parlamentar federal da bancada do DF em 2022, ela reafirma na CLDF seu compromisso com uma política ética, fiscalizadora e voltada à transformação social. Na Câmara Legislativa, presidiu por dois anos a Comissão de Fiscalização e Transparência, implantou o Observatório da Cidadania, fiscalizou contratos nas áreas de saúde e educação e destinou mais de R$ 50 milhões em emendas, priorizando escolas, hospitais e ações voltadas à população vulnerável.
Foi também pioneira no incentivo ao empreendedorismo feminino como instrumento de dignidade e independência. Além disso, tornou-se referência nacional em políticas para a primeira infância, com destaque para o Complexo da Primeira Infância na UnB e os investimentos em equipamentos públicos voltados a gestantes e crianças.
Nesta entrevista exclusiva ao Portal Comunicar, Paula Belmonte faz um balanço do mandato, fala sobre os desafios enfrentados nas regiões mais carentes do DF, apresenta projetos prioritários para este ano e reforça o compromisso com políticas públicas que transformam realidades — especialmente para crianças, mulheres e empreendedores. É uma conversa sobre política com propósito, conduzida por quem acredita que cuidar das pessoas é o que realmente importa.
1- Deputada, sua trajetória na política começou pela defesa da infância e da família. O que a motivou pessoalmente a transformar esse cuidado em bandeira pública? Há alguma experiência marcante que tenha influenciado essa escolha?
Sim, minha trajetória na política começou, de fato, com a defesa da infância e da família e isso não foi por acaso. Sempre acreditei que uma sociedade justa começa pelo cuidado com quem mais precisa, especialmente com as nossas crianças. Em 2014, vivi a maior dor da minha vida: perdi um filho. Essa experiência me impulsionou a transformar o cuidado em bandeira pública. Passei a lutar por políticas que acolham, protejam e garantam dignidade às crianças e às famílias do Distrito Federal.
É necessário que, sobretudo, as crianças estejam assistidas desde os primeiros anos de vida. Isso passa por saúde, educação, moradia… Estamos falando de um conjunto de políticas públicas básicas. Mas, o essencial é o cuidado. Por isso, escolhi colocar a infância no centro do meu mandato. Porque cuidar das crianças é cuidar do futuro e é essa convicção que segue guiando cada passo da minha vida pública
2 – Após ser reconhecida como a melhor parlamentar federal do DF, a senhora escolheu se aproximar ainda mais da população, agora como deputada distrital. O que mudou na sua visão de Brasília depois de caminhar pelas comunidades, escolas e regiões mais vulneráveis?
Ser reconhecida como a melhor parlamentar federal do DF foi uma grande honra. Mas, mais do que isso, foi uma confirmação de que estamos no caminho certo: ouvindo, propondo e agindo com responsabilidade. Ao decidir disputar um mandato distrital, quis estar ainda mais próxima da população. E caminhar pelas comunidades, visitar escolas, conversar com comerciantes, mães, jovens e lideranças locais mudou a minha visão de Brasília.
O que antes era percebido por relatórios e pesquisas, hoje vejo com os próprios olhos. A desigualdade está muito mais perto do que parece. Falta infraestrutura, falta escuta, falta presença do Estado onde o povo mais precisa. Mas também encontrei força, solidariedade e esperança em cada canto. Brasília não é só o Plano Piloto; é a realidade de quem acorda cedo, pega ônibus lotado e sonha com uma vida melhor para os filhos.
Essa vivência reafirmou meu compromisso com uma política pública mais humana, mais próxima e mais eficiente. Porque governar é, acima de tudo, cuidar de gente. E é isso que sigo fazendo, com responsabilidade e verdade.
3 – Seu mandato é fortemente associado à ética, à fiscalização e à transparência. De onde vem essa convicção sobre a importância do uso responsável dos recursos públicos? Como tem sido liderar investigações e enfrentar resistências dentro da gestão?
Toda a minha vida tem sido pautada em ética e respeito. Como mãe de seis, passo esses valores para eles e, quando vejo crianças sofrendo sem educação, sem atendimentos básicos de saúde, sofro como se fosse aquilo estivesse acontecendo com meus próprios filhos. Por isso meu forte empenho em mudar essa realidade aqui no DF. A luta contra um sistema que está imposto é árdua e longa, mas com os aliados certos, foco e fé, tenho certeza que teremos um caminho de sucesso pela frente.
Minha convicção sobre o uso responsável dos recursos públicos vem da base: da família, da fé e da minha trajetória como cidadã antes mesmo de ser parlamentar. Sempre acreditei que o dinheiro público deve ser tratado com cuidado. Essa consciência se fortaleceu ainda mais quando entrei na política. Ver de perto o quanto a má gestão e a falta de fiscalização impactam diretamente a vida das pessoas me fez assumir esse compromisso como uma das principais bandeiras do meu mandato.
Liderar investigações e fiscalizar o governo não é tarefa fácil. Há resistências, há pressões, e muitas vezes há tentativas de desacreditar quem faz esse enfrentamento com seriedade. Mas sigo firme. Não estou na política para agradar, mas para servir. Acredito numa gestão pública transparente, eficiente e, acima de tudo, ética. E sigo cobrando, propondo e fiscalizando com coragem, porque Brasília merece respeito e compromisso de verdade com o bem comum.
4 – À frente da Comissão de Fiscalização da CLDF, a senhora criou o “Observatório do Cidadão”. Como essa ferramenta tem aproximado o cidadão da gestão pública e transformado o relacionamento entre governo e sociedade?
O “Observatório do Cidadão” nasceu da ideia de aproximar o povo da gestão pública. Criamos essa ferramenta dentro da Comissão de Fiscalização da Câmara Legislativa, em 2023, para dar mais transparência aos dados, incentivar o controle social e facilitar o acesso da população às informações que impactam diretamente sua vida. Com o Observatório, o cidadão pode acompanhar de forma clara como os recursos públicos estão sendo usados, onde há problemas recorrentes e quais áreas precisam de mais atenção. É uma ponte entre a sociedade e o poder público, que fortalece a participação e estimula a cobrança por resultados.
Mais do que fiscalizar, o nosso objetivo é empoderar as pessoas. Mostrar que elas têm o direito e o dever de acompanhar a gestão, de cobrar soluções e de serem ouvidas. Essa iniciativa pode transformar a relação entre governo e sociedade. Quando há transparência e diálogo, cresce a confiança. E é isso que queremos: um Distrito Federal mais justo, com políticas públicas que realmente atendam quem mais precisa.
5 – A senhora é conhecida pela redução drástica dos próprios gastos parlamentares. Como avalia a força do exemplo pessoal na reconstrução da confiança da população na política?
Desde o começo da minha vida política, luto para que haja cada vez mais transparência e ética na política. Não é compatível com a realidade do país que aqueles que deveriam representar o cidadão se beneficiem dessa condição para enganar e levar vantagens. Se, em plena capital federal, há miséria e fome, é inadmissível que os representantes do povo brasileiro barganhem com o dinheiro do contribuinte.
A política precisa reconquistar a confiança das pessoas, e isso só acontece com coerência entre o discurso e a prática. Não dá pra falar em responsabilidade fiscal e, ao mesmo tempo, manter privilégios ou desperdícios. Meu mandato é pautado pela transparência e pela ética. Porque respeito com o dinheiro público é respeito com o cidadão que acorda cedo, paga impostos e espera retorno em serviços de qualidade. Acredito que o bom uso dos recursos públicos começa pelo exemplo. E sigo firme nesse caminho, porque reconstruir a confiança na política é possível e começa com atitudes concretas.
6 – A primeira infância segue como uma das prioridades do seu mandato. Além do investimento em creches e centros de pesquisa, que políticas públicas considera fundamentais para garantir o desenvolvimento integral das crianças no DF?
A primeira infância sempre será prioridade no meu mandato. Porque é nesse período que se formam as bases físicas, cognitivas e emocionais de uma criança e, consequentemente, da sociedade que queremos construir.
Além do investimento em creches e centros de pesquisa, acredito que garantir o desenvolvimento integral das crianças exige um olhar transversal. Isso passa por políticas de saúde materno-infantil, alimentação adequada, acesso a espaços seguros para brincar, apoio às famílias e formação continuada para os profissionais que atuam com a infância. Cuidar da primeira infância é política pública séria, com impacto profundo no futuro do DF. E sigo trabalhando com responsabilidade e compromisso para que nenhuma criança fique para trás.
7 – O Complexo da Primeira Infância na UnB é considerado um dos seus principais legados. O que representa esse projeto para a senhora e como ele pode impactar o futuro de Brasília?
O Complexo da Primeira Infância na UnB é, sem dúvida, uma das iniciativas que mais me representam, tanto como parlamentar quanto como mãe. Ele representa a materialização de um sonho: unir pesquisa, ciência, cuidado e política pública em favor das nossas crianças. Lá, tem uma creche que atende cerca de 120 crianças de até cinco anos, com quatro salas de aula e centro de atividades lúdicas e beneficia toda a população do DF. E também um Centro de Pesquisa voltado a estudantes dos cursos de Ciências da Saúde e Educação que desejam se especializar na área. A intenção é potencializar as pesquisas sobre primeira infância, que é a fase mais importante para o desenvolvimento cognitivo, psicológico e emocional da criança.
E ainda temos uma terceira iniciativa, que foi a retomada das obras da Unidade da Criança e do Adolescente do HUB Unidade da Criança e do Adolescente (UCA) do Hospital Universitário de Brasília (HUB), hoje uma referência em determinados tratamentos infantis. Esses sonhos foram materializados com recursos de emendas parlamentares, de minha autoria, de quando eu ainda era deputada federal. Ter idealizado e viabilizado esse espaço é motivo de muita honra para mim. Ali, vamos reunir pesquisa de excelência, formação de profissionais e atendimento direto à primeira infância, com base em evidências e em práticas integradas. É um projeto que olha para o presente com responsabilidade e para o futuro com esperança.
8 – A senhora defende a educação empreendedora como ferramenta de transformação social. Qual é o papel da escola nesse processo? E que ações tem implementado para promover o protagonismo jovem?
A escola tem um papel central na formação de cidadãos conscientes, protagonistas e capazes de transformar a realidade em que vivem. Quando falamos em educação empreendedora, não estamos tratando apenas de abrir negócios, mas de desenvolver competências como criatividade, autonomia, responsabilidade social, educação financeira e capacidade de inovar. A escola precisa ser um ambiente que estimula essas habilidades desde cedo, preparando os jovens para fazer escolhas com liberdade e responsabilidade.
No nosso mandato, temos trabalhado para fortalecer essa visão. Por isso, apresentamos um projeto de lei para criar o Banco de Negócios, uma plataforma que conecta estudantes, professores e empreendedores, incentivando a troca de experiências e a vivência prática do empreendedorismo. Também apoiamos ações educacionais que valorizam a iniciativa dos jovens e buscamos ampliar oportunidades para que eles sejam ouvidos, se desenvolvam e contribuam com soluções para os desafios da nossa cidade. Promover o protagonismo jovem é investir no futuro de Brasília.
9 – Como Procuradora Especial da Mulher, a senhora tem se dedicado a fortalecer os direitos femininos. Quais ações de combate à violência e de estímulo à autonomia das mulheres devem ser prioridade neste ano?
Como Procuradora Especial da Mulher, assumi o compromisso de transformar esse espaço em um articulador de políticas públicas que promovam, de forma efetiva, a dignidade e a autonomia das mulheres do Distrito Federal. A Procuradoria deve ter um papel estratégico: propor soluções estruturantes, fiscalizar ações do governo e construir caminhos para que as políticas públicas cheguem a quem mais precisa.
Entre as prioridades deste ano, está o fortalecimento das ações de prevenção à violência, com foco na educação, na escuta qualificada e na articulação de uma rede mais integrada de proteção. Um dos nossos esforços tem sido levar a Procuradoria para mais perto das pessoas, com ações nas escolas e nas regiões administrativas, ouvindo mulheres, promovendo rodas de conversa e construindo soluções a partir da realidade de cada território.
Também trabalhamos para apoiar o empreendedorismo feminino. Pois, acredito que promover autonomia é garantir liberdade, e liberdade é o que protege. A Procuradoria da Mulher deve ser um espaço de construção, presença e transformação. É com esse propósito que temos conduzido nosso trabalho.
10 – Entre os projetos que desenvolveu até agora, quais a senhora considera mais significativos para o DF? E, olhando para 2025, o que a população pode esperar em termos de novas entregas, especialmente nas áreas de educação, saúde e inclusão social?
Entre as propostas que desenvolvemos até agora, considero especialmente significativas aquelas que fortalecem o cuidado com a primeira infância, a inclusão social e o respeito às mulheres. Aprovamos e tivemos sancionadas leis que refletem esse compromisso, como a Lei 7.466/2024, que institui o Sistema Distrital de Informações da Primeira Infância (SiDIPI) e cria o relatório Orçamento da Primeira Infância (OPI) — uma ferramenta de controle social e transparência sobre os investimentos públicos destinados às nossas crianças.
Também destaco a Lei 7.291/2023, que instituiu o Código de Defesa do Empreendedor, modernizando regras e promovendo um ambiente mais favorável à atividade econômica no Distrito Federal. E, no campo da proteção social, aprovamos a Lei 7.243/2023, que assegura a mães solo o direito de não serem discriminadas no acesso a cargos e funções públicas. Mais recentemente, tivemos a promulgação da Lei 7.703/2025, que garante o passe livre no transporte público para pais, mães e responsáveis de bebês prematuros internados em UTIs neonatais da rede pública — uma medida humana e necessária.
Outra lei promulgada este mês foi a 7.699/2025, que institui diretrizes para a criação do Relatório e Diagnóstico Socioeconômico Anual da Mulher. Essa é uma conquista importante para subsidiar políticas públicas com base em dados concretos sobre desigualdades de gênero, garantindo mais efetividade e justiça nas ações do Estado.
Para 2025, a população pode esperar ainda mais empenho na construção de políticas públicas eficazes. Teremos foco especial na educação de qualidade, no fortalecimento da atenção primária em saúde e em ações concretas de inclusão produtiva, especialmente para mulheres, jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade. Seguiremos com um mandato atento, presente e comprometido com quem mais precisa.
Crédito foto: Ascom Paula Belmonte