Programa de Educação Precoce transforma vidas de crianças com atrasos no desenvolvimento

Iniciativa do DF auxilia crianças a atingirem marcos de desenvolvimento e oferece suporte às famílias

-Da Redação-

2 de dezembro de 2024 – Durante meses, a professora Luciane Michel de Sousa, 43 anos, enfrentou a angústia de ver seu filho Bernardo, hoje com 3 anos, não progredir no desenvolvimento esperado. “Apesar de ter nascido no tempo normal, ele não conseguia se desenvolver. Aos cinco meses, procuramos uma neuropediatra que detectou o atraso e nos indicou o Programa Educação Precoce. No mês seguinte, conseguimos uma vaga no Riacho Fundo”, relata Luciane.

Após dois meses em uma unidade no Riacho Fundo, Bernardo foi transferido para o Centro de Ensino Especial 1 de Samambaia, mais próximo de sua casa. Ali, ele começou a apresentar progressos significativos. “Quando chegou, Bernardo precisava de ajuda para tudo e chorava muito. Com o carinho e dedicação dos profissionais, ele começou a andar, falar e interagir com outras crianças”, conta a mãe, que pôde retomar seu trabalho graças ao suporte oferecido pelo programa.

Bernardo é uma das mais de 4 mil crianças de até 3 anos e 11 meses atendidas pelo Programa Educação Precoce (PEP), uma iniciativa pioneira da rede pública de ensino do Distrito Federal. Voltado para crianças com atrasos no desenvolvimento cognitivo, motor, de linguagem e socioafetivo, o programa prepara os pequenos para o ingresso na educação regular.

Atendimento especializado para cada necessidade

As crianças podem permanecer na educação precoce até os 4 anos, quando são encaminhadas para a educação infantil regular; ou, a depender da situação e do diagnóstico, seguem no ensino especial

Segundo a coordenadora do programa no Centro de Ensino Especial 1 de Samambaia, Janete Anaid, o público-alvo inclui crianças com atrasos causados por complicações na gravidez, parto, condições de risco familiar, prematuridade ou diagnósticos de deficiência e transtornos, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“O atendimento é feito em unidades especializadas, com crianças de até 2 anos recebendo atenção individualizada e, posteriormente, participando de grupos”, explica Janete. As 19 escolas do programa no DF possuem infraestrutura adaptada, como salas de psicomotricidade, piscinas e espaços para atividades sensoriais e motoras.

Desenvolvimento integral com apoio multidisciplinar

No Centro de Ensino Especial 1 de Samambaia, 12 turmas de educação precoce funcionam nos períodos matutino e vespertino, com pedagogos e educadores físicos conduzindo atividades que promovem autonomia e identidade.

Luciana Ferreira de Melo, professora há 11 anos no local, destaca o caráter lúdico do ensino: “Usamos texturas para estímulos sensoriais, livros para leitura de imagens e musicalização para incentivar a fala. Trabalhamos a motricidade fina com encaixes e o movimento amplo com atividades de rabiscação. Tudo prepara a criança para a educação infantil regular”, descreve.

O educador físico Arley Rodrigues da Costa, com 15 anos de experiência na modalidade, complementa que o foco está no desenvolvimento motor: “Trabalhamos equilíbrio, força e coordenação para corrigir atrasos. Atividades em parquinhos, piscinas e salas de psicomotricidade ajudam a moldar a neuroplasticidade das crianças”, explica.

Educação inclusiva desde cedo

A subsecretária de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação, Vera Lúcia de Barros, enfatiza a importância de iniciar a educação precoce o quanto antes. “A família tem um papel essencial nesse processo, multiplicando atividades em casa. Com a colaboração de todos, os avanços são surpreendentes”, afirma.

Crianças atendidas pelo programa podem permanecer até os 4 anos e, dependendo do diagnóstico, ingressar no ensino regular ou continuar na educação especial. O PEP é uma modalidade que garante a inclusão e o desenvolvimento integral, atendendo tanto as necessidades dos pequenos quanto orientando suas famílias.

Confira, abaixo, as escolas que participam do Programa de Educação Precoce.

⇒ Brazlândia (Cenebraz)
⇒ Ceilândia (CEE 01 e CEE 02)
⇒ Gama (CEE 01)
⇒ Guará (CEE 01 e CEF 02 da Estrutural)
⇒ Núcleo Bandeirante (Caic JK e CEI Riacho Fundo II)
⇒ Paranoá (CEI 01)
⇒ Planaltina (CEE 01)
⇒ Plano Piloto (CEI 01, CEE 02 e CEEDV – Deficientes Visuais)
⇒ Recanto das Emas (CEI 304 Recanto das Emas)
⇒ Samambaia (CEE 01)
⇒ Santa Maria (CEE 01)
⇒ São Sebastião (Caic Unesco)
⇒ Sobradinho (CEE 01)
– Taguatinga (CEI 04 e CEI 07).

Créditos: Agência Brasília